GLOSSÁRIO

ferramentas de amostragem

Bola de Neve
Definição

A Bola de Neve é um procedimento de amostragem não probabilístico, que funciona a partir da indicação de um grupo inicial de pessoas que fazem parte da população-alvo (denominadas de sementes), que indicam pares do mesmo grupo populacional, e assim sucessivamente, semelhante à formação de uma bola de neve, que vai acumulando flocos de neve ao rolar, tornando-se cada vez maior (Faugier; Sargeant, 1997). A amostragem em bola de neve pode ser útil para pesquisar grupos de difícil acesso em que não há precisão sobre a quantidade de membros, em especial, populações estigmatizadas. Além disso, pode ser importante para estudos que abordam questões delicadas e, portanto, requerem o conhecimento das pessoas pertencentes ao grupo para a localização de informantes (Vinuto, 2014). Para Becker (1993), este método de “recrutamento em cadeia” pode emprestar maior confiabilidade ao entrevistador.

Aplicação Geral

O primeiro passo no método Bola de Neve é encontrar indivíduos pertencentes à população-alvo do estudo (sementes). As sementes costumam ser pessoas mais acessíveis aos pesquisadores, mas é recomendável que se faça um estudo maior sobre onde podem ser encontrados indivíduos da população. A partir da semente começa o processo de bola de neve, sendo a esses primeiros indivíduos (onda zero) solicitada a indicação do contato de outros membros da população-alvo, formando assim uma nova onda. O processo de formação de novas ondas segue até que o tamanho da amostra desejado seja alcançado ou até que a amostra atinja o ponto de saturação, quando não surgem novos contatos ou quando os nomes indicados não trazem informações novas ao quadro de análise (Snijders, 1992; Vinuto, 2014).

Exemplo

Oliveira et al. (2021) fizeram uso dessa técnica, sendo o objetivo do estudo discutir a relevância da amostragem Bola de Neve em pesquisas da área de enfermagem envolvendo travestis e mulheres transexuais, a partir de uma experiência em um município do interior de Minas Gerais. A amostragem em Bola de Neve se deu pela identificação inicial de informantes-chaves ⎼ travestis e mulheres transexuais cadastradas pela equipe de saúde da família da região ⎼ sendo posteriormente solicitado que estes indicassem os contatos de outras travestis e mulheres transexuais (total de 10 participantes), até a saturação da rede. O uso desta técnica permitiu encontrar e acessar a população de estudo, além de facilitar a construção de uma rede de contatos. Demonstrou-se a relevância da técnica em pesquisas de enfermagem cuja população em estudo conviva com uma condição de invisibilidade social.

Veja também

Em Lima et al. (2013), a Bola de Neve foi aplicada para a definição de amostra de pessoas com algum tipo de deficiência e que estivessem inseridas no mercado de trabalho.

Rodrigues et al. (2017) utilizaram a técnica para amostragem de usuários e ex-usuários de crack no município de Santos (SP).

Goulart, Melo e Versiani (2022) aplicaram a Bola de Neve para a definição de amostra com mulheres motoristas de aplicativos de mobilidade urbana na cidade de Belo Horizonte (MG) e região metropolitana.

Referências

BECKER, H. Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Hucitec, 1993.

FAUGIER, J.; SARGEANT, M. Sampling hard to reach populations. Journal of Advanced Nursing, v. 26, n. 4, p. 790–797, out. 1997. DOI: https://doi.org/10.1046/j.1365-2648.1997.00371.x

GOULART, A. M. M.; MELO, M. C. O. L.; VERSIANI, F. Relações de gênero e gueto profissional: estudo com mulheres motoristas de aplicativos de mobilidade urbana. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 21, n. 1, p. 124–148, 1 jan. 2022. DOI: https://doi.org/10.21529/RECADM.2022005

LIMA, M. P. et al. O sentido do trabalho para pessoas com deficiência. RAM. Revista de Administração Mackenzie, v. 14, n. 2, p. 42–68, abr. 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S1678-69712013000200003

OLIVEIRA, G. S. et al. Método bola de neve em pesquisa qualitativa com travestis e mulheres transexuais. Saúde Coletiva (Barueri), v. 11, n. 68, p. 7581–7588, 4 out. 2021. DOI: https://doi.org/10.36489/saudecoletiva.2021v11i68p7581-7588

RODRIGUES, L. O. V. et al. Perfil de usuários de crack no município de Santos. Temas em Psicologia, v. 25, n. 2, p. 675–689, 2017. DOI: https://doi.org/10.9788/TP2017.2-14

SNIJDERS, T. A. B. Estimation on the basis of snowball samples: how to weight? BMS: Bulletin of Sociological Methodology / Bulletin de Méthodologie Sociologique, v. 36, n. 1, p. 59–70, 1992. DOI: https://doi.org/10.1177/075910639203600104VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, v. 22, n. 44, p. 203–220, 30 dez. 2014. DOI: https://doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977

Informante-Chave
Definição

Consiste no indivíduo profunda e diretamente envolvido com o objeto da pesquisa e, cujas informações são essenciais para ajudar a formular, expandir ou clarificar as interpretações do pesquisador (DUARTE, 2009). Desse modo, estes entrevistados são pessoas com amplos contatos e envolvimento ativo na comunidade ou que detêm um conhecimento especial sobre o assunto em estudo (SCHENSUL, 2004).

Frequentemente estes informantes se tornam uma via de acesso ao grupo pesquisado (BISOL, 2012). Podem ser escolhidos ao longo de observações na comunidade, indicados por respondentes de entrevistas preliminares ou selecionados por meio de entrevistas de listagem livre (SCHENSUL, 2004). Informante-chaves são comumente utilizados em pesquisas de campo com delimitações bem definidas em termos de instituições, pessoas ou atividades de interesse da pesquisa. São utilizadas em investigações de diversas áreas do conhecimento, especialmente aquelas com forte preocupação etnográfica (BISOL, 2012); pesquisas sobre temas sensíveis, tais como saúde mental e sexualidade (ABOUD, 1998).

Aplicação Geral

Para identificar possíveis informantes-chave para a pesquisa é necessário primeiramente realizar observações dentro da comunidade, ou caso já se tenha previamente conhecimento de indivíduos detentores de um conhecimento especial sobre o tema ou de líderes do grupo, realizar entrevistas com os mesmos. A partir da escolha dos primeiros informantes, existe a possibilidade de se aplicar a técnica de Bola de Neve, sendo, durante a entrevista destes, solicitada a indicação do nome de outra pessoa que poderia contribuir com o tema, sendo este processo repetido continuamente (SCHENSUL, 2004).

Exemplo aprofundado

O estudo de Iwamoto et al (2010) trata-se de um exemplo significativo do uso desta técnica, uma vez que a caracterização de seu objeto de estudo, situações de abuso e exploração sexual infanto-juvenil na região do Triângulo Mineiro-MG, foi realizada com base nas informações fornecidas por informantes chaves. A pesquisa contou com a participação de 260 informantes, identificados durante reuniões com os profissionais do Conselho Tutelar, defesa e responsabilização, educação e saúde dos 26 municípios da região. Estes profissionais deveriam estar desenvolvendo atividades junto a crianças  e adolescentes durante no mínimo seis  meses. Conforme os autores, o uso de informantes-chave possibilitou a participação de diferentes atores sociais na discussão e um maior entendimento sobre a importância de se pensar formas alternativas para defender a criança e o adolescente contra a violência sexual.

Exemplos breves

RENOSTO; TRINDADE, 2006: Utilizada na identificação de portadores de alterações cinético-funcionais de Caxias do Sul/RS. Os informantes eram mulheres responsáveis pela peregrinação da Imagem de Nossa Senhora.

ORLANDI; NOTO. 2005: Aplicada para obter informações sobre a prática de prescrição e uso prolongado de benzodiazepínicos (BDZs). Os informantes eram psiquiatras e psicólogos; farmacêuticos; usuários crônicos de BDZs e profissionais envolvidos nas políticas de saúde. 

DE LIMA (2017): Usada para identificar mulheres detentoras do saber popular sobre plantas medicinais no Povoado Vila Capim/AL. As informantes eram garrafeiras, rezadoras, agricultoras e doentes de gastrite ou úlcera.

Referências

BISOL, C. A (2012). Estratégias de pesquisa em contextos de diversidade cultural: entrevistas de listagem livre, entrevistas com informantes-chave e grupos focais. Estudos de psicologia, Campinas, v. 29, supl. 1, p. 719-726.

DE LIMA, Cirlane Alves Araújo et al. A etnobotânica aplicada à úlcera gástrica e avaliação farmacológica de Solanum stipulaceum. Acta Brasiliensis, v. 1, n. 1, p. 1-7, 2017.

DUARTE, Jorge. Entrevista em profundidade. p.62-82. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

IWAMOTO, Helena; Renata Cobo de Oliveira; CAMARGO, Fernanda Carolina; TAVARES, Laureni Conceição; OLIVEIRA, Lorena Peres de. A violência sexual infanto-juvenil sob a ótica dos informantes-chave. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 12, n. 4, 2010.

ORLANDI, Paula; NOTO, Ana Regina. Uso indevido de benzodiazepínicos: um estudo com informantes-chave no município de São Paulo. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 13, p. 896-902, 2005.

RENOSTO, Alexandra; TRINDADE, Jorge Luiz de Andrade. A utilização de informantes-chave da comunidade na identificação de pessoas portadoras de alterações cinético-funcionais da cidade de Caxias do Sul, RS. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, p. 709-716, 2007.SCHENSUL. Key informants. In: B. A. Norman (Ed), Encyclopedia of health & behavior (Vol. 1, pp.569-571). Thousand Oaks: Sage Publications. 2004.

ferramentas de comunicação e informação

Anúncios
Definição

Os anúncios são uma ferramenta específica dentro do domínio da publicidade, cuja função é transmitir uma mensagem criada para promover um produto, serviço, ideia ou evento. Logo, o propósito dos anúncios é influenciar e persuadir o público-alvo, buscando despertar interesse e estimular ações desejadas.

Aplicação Geral

A partir dos trabalhos exemplificados em Panfletagem, também se pode identificar uma aplicação geral dos anúncios. Num primeiro momento, deve-se registrar a mensagem a ser transmitida considerando-se a mídia de distribuição. Posteriormente, os anúncios são difundidos através de um ou mais canais de comunicação, como televisão, rádio, jornais, revistas, redes sociais, páginas web, outdoors, auto-falantes, entre outros. No caso das redes sociais, por exemplo, a equipe de trabalho deverá sintetizar a informação e recorrer a imagens para melhor alcance do público.

Exemplo aprofundado

Babo (2014) analisou a utilização de anúncios publicitários como ferramenta educativa em jornais do século XVIII. A autora comparou avisos e anúncios, alegando que estes últimos possuem outro formato e maior complexidade visual: “os anúncios alongam-se em tamanho de texto e de prestação de informação e com frequência passam a recorrer a pequenos desenhos de adorno e ao jogo com o tamanho das letras” (p. 37). Babo (2014) ressaltou a importância da ilustração e do desenho nos anúncios, priorizando a compreensão intuitiva e ligada aos sentidos.

Exemplos breves

Henriques e Vieza (2002) utilizaram anúncios como parte das ações de comunicação para envolver a comunidade no processo de planejamento participativo da cidade de Carbonita, em Minas Gerais, Brasil.

O Instituto de Planejamento de Fortaleza realizou anúncios sobre a elaboração do plano ‘Fortaleza 2040’, fato que motivou a pesquisa de Silveira (2015) sobre as estratégias de comunicação pública realizadas para fortalecer o envolvimento da comunidade no planejamento.

Ribeiro e Londero (2017) analisaram a influência do conteúdo dos anúncios para impulsionar a venda de cigarros, buscando compreender a relação desse conteúdo com o consumo de cigarro e o contexto de emancipação da mulher contemporânea.

Referências

BABO, A. O ensino das línguas estrangeiras em Portugal, do século XVIII ao início do século XX, através da análise de anúncios publicitários em jornais da época. In: DUARTE, S.; OUTEIRINHO, F.; LEÓN, R. P. (org.). Dos autores de manuais aos métodos de ensino das línguas e literaturas estrangeiras em Portugal (1800-1910). Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Centro de Linguística da Universidade do Porto, 2014. p. 21-38.

HENRIQUES, M. S.; VIEZA, F. Comunicação e mobilização em projeto de planejamento participativo municipal: um estudo de caso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 25., 2002, Salvador. Anais […]. Salvador: Intercom, 2002. p. 1-18.

RIBEIRO, R. G.; LONDERO, R. R. A emancipação da mulher contemporânea e o cigarro: uma análise das ações publicitárias e promocionais de Edward Bernays para a Lucky Strike. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 40., 2017, Curitiba. Anais […]. Curitiba: Intercom, 2017. p. 1-11.

SILVEIRA, A. M. P. Comunicação pública e planejamento participativo: aspectos políticos e jurídicos do plano Fortaleza 2040. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE, 17., 2015, Natal. Anais […]. Fortaleza: Intercom, 2015. p. 1-13.

Panfletagem
Definição

Aplicação Geral

Exemplo aprofundado

Exemplos breves

Referências

Redes Sociais
Definição

Aplicação Geral

Exemplo aprofundado

Exemplos breves

Referências

ferramentas de Investigação Material

Pesquisa de Literatura
Definição

Aplicação Geral

Exemplo aprofundado

Exemplos breves

Referências

Pesquisa Documental
Definição

Aplicação Geral

Exemplo aprofundado

Exemplos breves

Referências

ferramentas de mapas e mapeamento

Mapeamento digital online
Definição

Aplicação Geral

Exemplo aprofundado

Exemplos breves

Referências

Modelo de terrenos habitacionais potenciais
Definição

Aplicação Geral

Exemplo aprofundado

Exemplos breves

Referências

Percepção ambiental georreferenciada
Definição

Aplicação Geral

Exemplo aprofundado

Exemplos breves

Referências

ferramentas de narrativa

Autobiografia
Definição

A autobiografia pode ser definida como uma narrativa centrada no sujeito que a cria, revelando-se como uma expressão do próprio indivíduo. Ela destina espaço às reflexões e experiências particulares de um autor, permitindo a expressão de sua unidade e autonomia. Ao mesmo tempo, compartilha e exemplifica a experiência particular do autor, oferecendo perspectivas singulares. Dessa forma, a autobiografia é essencialmente uma narrativa retrospectiva que aborda a vida individual e implica a identidade entre autor, narrador e personagem (Alberti, 1991).

Aplicação Geral

O método autobiográfico é aplicado na coleta de dois tipos de materiais: (a) os materiais primários, que consistem nas narrativas (auto)biográficas obtidas por meio de relatos pessoais ou entrevistas conduzidas pelo pesquisador; (b) e os materiais biográficos secundários, como correspondências, fotografias, documentos oficiais, recortes de jornal, entre outros. Embora o método tenha sofrido diversos questionamentos a respeito da sua subjetividade e especificidade, seu caráter essencial está mantido pela sua historicidade profunda e por sua unicidade (Santos; Garms, 2014).

Exemplo

No estudo de Neves e Pinto (2013), o método autobiográfico foi aplicado para investigar narrativas de diários, buscando reunir, organizar e identificar lacunas na memória de indivíduos. Essas narrativas, compartilhadas como espelho para outros, apresentam desafios interpretativos devido à centralidade do autor na criação de uma experiência entrelaçada entre exposição do real e criação literária. O narrador autobiográfico é comparado a um fotógrafo que registra a realidade, mas com limitações de alcance retrospectivo, considerando esquecimentos, erros e deformações involuntárias (Alberti, 1991).

Veja também

Em Bueno (2002), a metodologia da autobiografia foi aplicada sobre a figura do professor e sua subjetividade. Foi apresentada uma caracterização dos estudos com histórias de vida de professores, enfatizando-se o valor da autobiografia para a investigação das relações entre história social e individual.

O estudo de Santos e Garms (2014) apresentou o método autobiográfico em conjunto com as narrativas, destacando a importância das narrativas autobiográficas em pesquisas educacionais. Explorou a possibilidade de utilizar essa metodologia na pesquisa educacional e na formação de professores, ressaltando que os professores têm conhecimentos próprios sobre seu trabalho.

Gatti (2008) defendeu o método autobiográfico como uma ferramenta necessária para a pesquisa em artes visuais contemporâneas. Discutiu a importância desse método para a confrontação do entorno social do indivíduo que produz (o artista) e a compreensão da sua produção (sua arte).

Referências

ALBERTI, V. Literatura e autobiografia: a questão do sujeito na narrativa. Revista Estudos Históricos, v. 4, n. 7, p. 66–81, 30 jul. 1991.

BUENO, B. O. O método autobiográfico e os estudos com histórias de vida de professores: a questão da subjetividade. Educação e Pesquisa, v. 28, n. 1, p. 11–30, jun. 2002. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022002000100002 

GATTI, F. L. O. O método autobiográfico como ferramenta para o desenvolvimento da pesquisa em artes visuais contemporâneas. Caderno do GIPE-CIT, v. 18, p. 18-24, 2008.

NEVES, L. S.; PINTO, H. M. O diário é uma série de vestígios: possibilidades de análise de narrativas autobiografias como método de pesquisa para a História da Educação em

Minas Gerais. In: Encontro Regional (ANPUH-MG), 18., 2012, Mariana. Anais […]. Ouro Preto: EDUFOP, 2013. p. 1-9.
SANTOS, H. T.; GARMS, G. M. Z. Método autobiográfico e metodologia de narrativas: contribuições, especificidades e possibilidades para a pesquisa e formação pessoal/profissional de professores. In: Congresso Nacional de Formação de Professores, 2., 2014, Águas de Lindoia. Anais […]. São Paulo: UNESP, 2014. p. 4094-4106.

Conversas informais
Definição

Conversas Informais é um método de conversação que leva à desmontagem e reestruturação da investigação em curso, em que não se objetiva alcançar respostas fechadas, mas se está aberto ao diálogo com o intuito de aprender junto, onde a busca por respostas não é o mais importante (Costa; Oliveira; Farias, 2021).

Aplicação Geral

Esse método enfatiza a importância da colaboração e do diálogo entre os pesquisadores e outros grupos envolvidos na pesquisa, buscando-se conversas informais como uma forma de compreender as perspectivas dos participantes. As Conversas Informais são aplicadas na realização de pesquisas sensíveis às realidades concretas dos indivíduos investigados, e somada a outras metodologias mais estruturadas, contribuem para uma maior abrangência das práticas sociais investigativas (Barcinski, 2014).

Exemplo

No estudo de Patiño, Guitart e Gregório (2017), foram usadas, entre outros métodos, conversas informais com crianças, professores responsáveis pelas oficinas e famílias, envolvendo a comunidade de uma escola em Madri, Espanha. O objetivo da investigação foi destacar a relevância da pesquisa educacional em ajudar o processo de mudança da educação, valorizando o contexto atual da comunidade. A partir dos resultados, um plano de ação foi desenhado para a aplicação de processos de design participativo digital.

Veja também

Haddad et al. (2023) relataram conversas informais de professoras que participaram de um programa de residência pedagógica e cultural. Discutiram as mudanças observadas em suas práticas pedagógicas após a experiência.

Bastos e Stallone (2011) analisaram o uso do humor em conversas informais entre amigos. Os encontros foram gravados em áudio, oferecendo material aos estudos sobre humor conversacional.

Rosa et al. (2012) objetivaram relatar o processo de desligamento de oito adolescentes acolhidos em instituições. Foram realizadas conversas informais com as equipes técnicas para identificar os adolescentes que poderiam participar da pesquisa.

Referências

BARCINSKI, M. O lugar da informalidade e do imprevisto na pesquisa científica: notas epistemológicas, metodológicas e éticas para o debate. Pesquisas e Práticas Psicossociais,  São João del Rei ,  v. 9, n. 2, p. 279-286,  dez.  2014.

BASTOS, C. R. P.; STALLONE, L. R. A co-construção do humor conversacional para encobrir diferentes objetivos. Calidoscópio, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 159–168, 2011. 

COSTA, S. L.; OLIVEIRA, W. S.; FARIAS, I. M. S. Conversa como metodologia de pesquisa: por que não? Teoria e Prática da Educação, v. 24, n. 3, p. 221-225, 17 dez. 2021.

HADDAD, L. et al. Ressonâncias de uma experiência além-mar de formação continuada de professoras de educação infantil. Cadernos CEDES, v. 43, n. 119, p. 86–97, 10 fev. 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/CC256572

PATIÑO, J. G.; GUITART, M. E.; GREGORIO, S. S. Participación infantil en la transformación de sus espacios de aprendizaje: democratizando la creación mediante un proyecto de fabricación digital en un fablab. Revista Internacional de Educación para la Justicia Social (RIEJS), [s. l.], v. 6.1, n. 2017, p. 137–154, 2017. DOI: https://doi.org/10.15366/riejs2017.6.1.008
ROSA, E. M. et al. O processo de desligamento de adolescentes em acolhimento institucional. Estudos de Psicologia (Natal), v. 17, n. 3, p. 361–368, dez. 2012. DOi: https://doi.org/10.1590/S1413-294X2012000300003

Desenho explicado
Definição

Para Moreno (2022), o desenho é uma ferramenta de comunicação que transcende a simples delimitação de formas e contornos, implicando considerações sobre o indivíduo ou comunidade que a realiza, como questões estéticas e culturais. Portanto, o Desenho Explicado é uma forma de transmitir uma informação, sentimento e sensações acerca de um elemento, seja ele um objeto, lugar, instituição ou pessoa.

Aplicação Geral

Riaño, Hernández e Azpiazu (2020) descreveram uma forma geral para aplicar a ferramenta em oficinas de planejamento participativo. Primeiro, os facilitadores organizam um momento de motivação e engajamento, com o objetivo de gerar interesse e expectativas nos participantes (que podem ser um único indivíduo ou grupos de uma comunidade específica). Logo, o grupo facilitador realiza algumas perguntas orientadoras, com o objetivo central de proporcionar um espaço gerador de sentido para o desenho. A última etapa é a socialização do conhecimento, onde cada pessoa apresenta seus resultados e compartilha com o restante dos participantes o significado dos desenhos gerados, promovendo um ambiente de debates e discussões.

Exemplo

Azunre e Sowrirajam (2020) empregaram a ferramenta para avaliar a capacidade das crianças em contribuir com informações relevantes para o planejamento participativo em comunidades. O estudo de caso foi realizado em um bairro de imigrantes em Milão, contando com 20 crianças, predominantemente de 11 anos. Depois de entender o contexto do bairro, os facilitadores conduziram oficinas de aproximadamente 7 horas com as crianças. Após uma introdução e atividades de engajamento, elas desenharam e coloriram aspectos do bairro, expressando gostos, desgostos e visões para o futuro. Discussões foram realizadas para validar interpretações dos desenhos. Os resultados orientaram as contextualizações espaciais, possibilitando à equipe técnica elaborar uma ilustração que mapeou as contribuições das crianças em relação aos espaços e atividades do bairro.

Exemplos breves

Ruas (2018) utilizou o Desenho Explicado com crianças de 9 a 10 anos como uma das ferramentas para reavaliar o papel formativo das vivências espaciais em um ambiente escolar.

Mathikithela e Wood (2019) fizeram uso da ferramenta em uma escola sul africana em condições de vulnerabilidade social, para comprovar como os estudantes podem ter um papel-chave para tornar a escola um local mais propício para o desenvolvimento integral.

Ramírez (2018) utilizou o método com um grupo de artesãos colombianos a fim de construir uma comunidade com laços fortes e colaborativos, ressignificar o empreendimento artesanal e dar ênfase aos recursos próprios da comunidade.

Referências

AZUNRE, G. A.; SOWRIRAJAN, T. M. The mosaic approach as a tool to facilitate participatory planning with children: insights from Milan, Italy. Education 3-13, v. 49, n. 5, p. 529–544, 16 mar. 2020. DOI: https://doi.org/10.1080/03004279.2020.1739727

MATHIKITHELA, M.S.; WOOD, L. Youth as participatory action researchers: exploring how to make school a more enabling space. Educational Research For Social Change, v. 8, n. 2, p. 77-95, set. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.17159/2221-4070/2019/v8i2a6

MORENO, M. A. Dibujo para el diseño, herramienta de pensamiento y comunicación. Arte, Individuo y Sociedad, v. 34, n. 1, p. 11–26, 10 jan. 2022. DOI: https://doi.org/10.5209/aris.68721

RAMÍREZ, D. A. O. Construcción de comunidades colaborativas desde el diseño y el emprendimiento endógeno. Revista Escuela de Administración de Negocios, n. 84, p. 63–77, 16 abr. 2018. DOI: https://doi.org/10.21158/01208160.n84.2018.1917 

RIAÑO, J. R. O.; HERNÁNDEZ, J. J. M.; AZPIAZU, G. S. C. Diseño metodológico para el ordenamiento territorial participativo: una propuesta para Valle del Paraíso en Puebla, México. Cultura Científica, n. 18, p. 74–94, 14 dez. 2020. DOI: https://doi.org/10.38017/1657463X.683

RUAS, D. B. Espaço aberto: entre o projeto e a experiência escolar na Escola Parque e Escola Aberta Japonesa. 2018. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. 

Diário de campo
Definição

O Diário de Campo consiste em uma ferramenta de registro das observações, comentários e reflexões do pesquisador (Roese et al., 2006). Sua escrita pode incluir a descrição dos procedimentos do estudo, do desenvolvimento das atividades realizadas, e também de possíveis mudanças ocorridas durante o desenrolar da pesquisa (Kroef; Gavillon; Ramm, 2020). Para Weber (2009), esse instrumento possibilita uma autoanálise do pesquisador. O Diário de Campo surgiu como ferramenta metodológica com o trabalho de Bronisław Malinowski. É frequentemente utilizado em estudos exploratórios com viés qualitativo, sobretudo na área da antropologia e na psicologia; mas também pode ser útil em pesquisas quantitativas experimentais (Falkembach, 1987). Geralmente é utilizado em abordagens metodológicas observacionais, podendo também ser empregado em investigações que utilizam a entrevista como metodologia (Domingos et al., 2021).

Aplicação Geral

O Diário de Campo é uma construção pessoal, assim, cada pesquisador tem autonomia para adotar as estratégias que melhor convêm. No entanto, é desejável que o pesquisador previamente decida sobre o tipo de informação que deseja registrar (Domingos et al., 2021) e sobre o formato dos registros: caderno; bloco de notas;  fichas catalográficas ou diário gravado em áudio, por meio de aplicativos em celulares ou tablets. Os registros também podem incluir desenhos. Algumas informações importantes para a construção do diário são: data, horário (início e término da observação), local (contexto), e a identificação da pessoa ou cena observada. Como os registros acontecem simultaneamente à escuta, a observação e a assimilação de eventos da vida real, devem ser produzidos diariamente a fim de garantir uma maior sistematização e detalhamento de todas as situações ocorridas e da identificação de informações subliminares nos discursos dos sujeitos (Yin, 2016). Ademais, o pesquisador precisa diferenciar quais partes do diário consistem em descrições dos eventos e quais tratam de suas próprias reflexões, informações estas que podem constar no mesmo caderno ou em peças distintas (Roese et al., 2006).

Exemplo

A pesquisa desenvolvida por Souto, Mattos e Castelar (2019) discutiu a importância da utilização do Diário de Campo na produção e compreensão de pesquisas qualitativas exploratórias, a partir de um estudo com psicólogos que atuavam no atendimento de mulheres em situação de violência no estado da Bahia. As pesquisadoras registraram no Diário de Campo as práticas cotidianas e os desafios vividos por psicólogos atuantes em uma unidade móvel de acolhimento a vítimas de violência doméstica durante os anos de 2015 e 2016. As anotações propiciaram maior embasamento aos dados quantitativos analisados, dando sentido vivencial às tabelas construídas e ampliando as reflexões sobre o tema.

Veja também

Oliveira e Fabris (2017) utilizaram o Diário de Campo para registrar o cotidiano das práticas de iniciação à docência de um grupo de licenciandas em Pedagogia.

Roso e Santos (2017) fizeram uso do instrumento para registrar as observações sobre os cuidados em saúde de mulheres em situação de rua de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. 

Em Souza e Maia (2020), o Diário de Campo foi utilizado para registro sobre as percepções de problemas socioambientais de estudantes do 6º ano de uma escola pública do município de Nova Iguaçu (RJ).

    Referências

    DOMINGOS, C. S. et al. O diário de campo e suas potencialidades como instrumento investigativo nas pesquisas. In: SILVA NETO, B. R. (org.). Ciências médicas: campo teórico, métodos, aplicabilidade e limitações. Ponta Grossa, PR: Atena, 2021. p. 212-223.

    FALKEMBACH, E. M.F. Diário de campo: um instrumento de reflexão. Contexto e educação. Ijuí, RS, v. 2, n. 7, p. 19-24, 1987.

    KROEF, R. F. S.; GAVILLON, P. Q.; RAMM, L. V. Diário de campo e a relação do(a) pesquisador(a) com o campo-tema na pesquisa-intervenção. Estud. pesqui. psicol.,  Rio de Janeiro,  v. 20, n. 2, p. 464-480,  ago.  2020. DOI: https://doi.org/10.12957/epp.2020.52579

    OLIVEIRA, S.; FABRIS, E. H. Práticas de iniciação à docência: o diário de campo como instrumento para pensar a formação de professores. Revista Diálogo Educacional, v. 17, n. 52, p. 639–660, 2017. DOI: https://doi.org/10.7213/1981-416X.17.052.AO06

    ROESE, A. et al. Diário de campo: construção e utilização em pesquisas científicas. Online braz. j. nurs. (Online), v. 5, n. 3, 2006. 

    ROSO, A.; SANTOS, V. B. Saúde e relações de gênero: notas de um diário de campo sobre vivência de rua. Avances en Psicología Latinoamericana,  Bogotá,  v. 35, n. 2, p. 283-299,  2017. DOI: https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.3379

    SOUTO, V. S.; MATTOS, N. M.; CASTELAR, M. Diário de campo em pesquisa sobre atuação de psicólogas no enfrentamento à violência contra mulheres. In: Congresso Ibero-Americano em Investigação Qualitativa: investigação qualitativa na saúde, 8., 2019, Lisboa, Portugal. Anais […]. Aveiro: Ludomedia, 2019. p. 1020-1028.

    SOUZA, J. J.; MAIA, E. D. O uso do diário de bordo como suporte ao ensino aprendizagem na educação em ciências: refletindo sobre o lugar e seus problemas socioambientais. Revista Ciências & Ideias, v. 11, n. 2, p. 68–79, 2020. DOI: https://doi.org/10.22407/2176-1477/2020.v11i2.1110

    WEBER, F. A entrevista, a pesquisa e o íntimo, ou por que censurar seu diário de campo? Horizontes Antropológicos, v. 15, n. 32, p. 157–170, dez. 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832009000200007
    YIN, R. K. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso, 2016.

    Entrevista
    Definição

    A entrevista pode ser definida como a interação social assimétrica entre duas pessoas (entrevistador e entrevistado) com finalidade específica (Gil, 2021; Rheingantz et al., 2009). É considerada como a técnica de coleta de dados por excelência das pesquisas sociais (Gil, 2021; Lakatos; Marconi, 2003). Seu perfil interativo permite a obtenção de informações subjetivas acerca das impressões dos sujeitos acerca de fatos, condutas ou motivações, em um nível de aprofundamento único em relação a outras técnicas (Rheingantz et al., 2009; Alvez-Mazzotti; Gewandsznajder, 2004). Além de ser útil para a obtenção de dados qualitativos, também possui valor em abordagens quantitativas (Gil, 2021). Possui vantagens na alta taxa de resposta e aprofundamento obtido, tendo como limitação possível a dificuldade de comunicação e interpretação, assim como vieses do entrevistador e dispêndio de tempo e recursos (Gil, 2021; Rheingantz et al., 2009).
    As diferentes modalidades de entrevista são relacionadas ao nível de controle do pesquisador sobre o diálogo (Alvez-Mazzotti; Gewandsznajder, 2004), podendo ser: padronizadas ou estruturadas, na qual o entrevistador não é livre para modificar a ordem e a redação das perguntas (Gil, 2021; Lakatos; Marconi, 2003); semiestruturadas, considerada por Flick (2004) como o tipo que melhor traduz o ponto de vista dos sujeitos entrevistados, uma vez que envolvem a condução da entrevista de maneira mais livre pelo entrevistador; não estruturadas, despadronizadas ou não-dirigidas, na qual o entrevistador atua apenas como um incentivador, havendo grande liberdade por parte do  entrevistado; e painel, na qual as perguntas são repetidas periodicamente para avaliação de mudanças de opinião. As entrevistas podem acontecer presencialmente ou por telefone e chamadas de vídeo (Lakatos; Marconi, 2003; Rheingantz et al., 2009). Ainda, variados autores elencam subtipos dentro destas categorias, a depender do objetivo pretendido na pesquisa.

    Aplicação Geral

    Possuindo diversas tipologias, as formas de condução desta técnica também são variadas; apesar disso, aspectos gerais importantes devem ser considerados na condução da entrevista. A preparação deve observar a definição de objetivos, roteiro, conhecimento prévio do perfil do entrevistado e possível pré-teste. O contato com o entrevistado e a abordagem pelo entrevistador devem ser cuidadosos e estratégicos. Deve ser dada atenção também ao modo de registrar os dados, sugerindo-se a gravação em conjunto com as anotações. A maneira de interpretação dos dados é também variável, a depender do número de entrevistados e das intenções de pesquisa (Gil, 2021; Lakatos; Marconi, 2003; Rheingantz et al., 2009).

    Exemplo

    A pesquisa de Albuquerque, Silva e Kuhnen (2016) objetivou compreender as possibilidades de restauração psicológica em áreas verdes no ambiente universitário, e entrevistas semiestruturadas foram realizadas com estudantes de dois campi universitários brasileiros para identificar seus lugares de escolha para descanso, preferências e percepções ambientais. Ademais, a técnica foi associada ao uso de fotografias. As entrevistas foram audiogravadas e tiveram duração média de 20 minutos, tendo ocorrido nos diferentes turnos do dia para acessar alunos de diversas áreas, resultando em 100 participantes (soma dos dois campi). Para análise, todas as entrevistas foram transcritas integralmente.

    Veja também

    Ross e Coleman (2000) utilizaram entrevistas abertas não estruturadas com adolescentes, em conjunto com outras técnicas, para recolher conhecimentos sobre os problemas de sua comunidade e recursos para solucioná-los em uma ação de planejamento participativo.

    Chatziefstathiou, Iliopoulou e Magkou (2019) fizeram uso de entrevistas semiestruturadas e não estruturadas para conhecer narrativas locais de uma comunidade sobre arte e esporte como ferramentas de cocriação de espaços urbanos.

      Rapp et al. (2018) empregaram entrevistas semiestruturadas para avaliar competências espaciais de pessoas autistas adultas em relação às suas atividades diárias no espaço urbano.

      Referências

      ALBUQUERQUE, D. S.; SILVA, D. S.; KUHNEN, A. Preferências ambientais e possibilidades de restauro psicológico em campi universitários. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 36, n. 4, p. 893–906, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703002972015

      ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2004. 

      CHATZIEFSTATHIOU, D.; ILIOPOULOU, E.; MAGKOU, M. UrbanDig Project: sport practices and artistic interventions for co-creating urban space. Sport in Society, v. 22, n. 5, p. 871–884, 4 maio 2019. DOI: https://doi.org/10.1080/17430437.2018.1430485

      FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004.

      GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2021. 

      LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 

      RAPP, A. et al. Designing technology for spatial needs: routines, control and social competences of people with autism. International Journal of Human-Computer Studies, v. 120, p. 49–65, 1 dez. 2018. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijhcs.2018.07.005

      RHEINGANTZ, P. A. et al. Observando a qualidade do lugar: procedimentos para avaliação pós-ocupação. Rio de Janeiro: Coleção PROARQ/FAU-UFRJ, 2009.
      ROSS, L.; COLEMAN, M. Urban community action planning inspires teenagers to transform their community and their identity. Journal of Community Practice, v. 7, n. 2, p. 29–45, 31 maio 2000. DOI: https://doi.org/10.1300/J125v07n02_02

      Investigação apreciativa
      Definição

      Aplicação Geral

      Exemplo aprofundado

      Exemplos breves

      Referências

      Feedback
      Definição

      Feedback consiste na apresentação de devolutivas e sugestões de melhorias sobre um projeto ou sobre o desempenho de organizações. As informações obtidas a partir de feedbacks subsidiam alterações nos processos ou projetos a fim de gerar resultados que atendam às necessidades das partes interessadas. O feedback também auxilia na aproximação de pessoas envolvidas no projeto, pois é uma forma de incentivar a participação (Bezerra; Bitoun, 2017; Santos, 2019).

      Aplicação Geral

      Os feedbacks podem ser obtidos por meio de questionários, grupos focais e rodas de conversa. A estrutura utilizada dependerá do meio escolhido, por exemplo: os questionários com perguntas fechadas facilitam uma padronização da resposta, enquanto que em rodas de conversa os participantes têm maior liberdade para expressar suas opiniões e perspectivas. As sessões de feedback podem ocorrer em mais de uma fase projetual, uma vez que o objetivo é retroalimentar o projeto com  a opinião dos participantes.

      Exemplo

      Gediki (2009) discutiu sobre a importância do feedback nas ações de  planejamento participativo para elaboração do Plano de Desenvolvimento da cidade de Sanliurfa, na Turquia. O processo de planejamento foi dividido em quatro etapas: coleta de informações; análise da situação existente; definição da visão, estratégias e objetivos; e desenvolvimento do plano e das estratégias de implantação. A população interessada  esteve envolvida no processo desde a etapa inicial, por meio de reuniões de feeeback para elaboração do relatório diagnóstico. Na última etapa, o plano foi encaminhado às entidades governamentais após a análise da população e a realização das correções necessárias. Por fim, a estratégia mostrou-se positiva, pois contou com a participação popular no processo decisório.

      Exemplos breves

      Marome, Pholcharoen e Wongpeng (2017) desenvolveram um jogo de tabuleiro sobre resiliência urbana e gestão de cheias. No desenvolvimento do jogo, os autores realizaram sessões de teste com diferentes grupos focais e reuniram feedbacks dos participantes para realizar melhorias no projeto. 

      Bezerra e Bitoun (2017) consideraram a etapa de feedback em sua metodologia de territorialização participativa a partir das ações dos agentes de saúde. 

        Ricieri et al. (2017) utilizaram o feedback como instrumento para  obter a opinião dos estudantes da Universidade Estadual de Londrina quanto a duas alternativas para o sistema de transporte do campus.  Foi aplicado um questionário sobre a relevância das propostas e a possível adesão dos participantes às alternativas apresentadas.

        Referências

        BEZERRA, A. C. V.; BITOUN, J. Metodologia participativa como instrumento para a territorialização das ações da Vigilância em Saúde Ambiental. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 10, p. 3259–3268, out. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320172210.17722017

        MAROME, W.; PHOLCHAROEN, T.; WONGPENG, N. Developing and using a board game as a tool for urban and social resilience and flood management planning in the Bangkok Metropolitan Region. Urbanisation, v. 2, n. 1, p. 28–37, 1 maio 2017. DOI: https://doi.org/10.1177/2455747117708932

        RICIERI, M. G. et al. Análise de duas alternativas de transporte por meio do planejamento participativo. In: Congresso Nacional de Pesquisa em Transporte da ANPET, 31., 2017, Recife. Anais […]. Recife: ANPET, 2017. p. 1-10.
        SANTOS, E. A. P.  Responsabilidade social, ética e filantropia estratégica. In: JUNQUEIRA, L, A. P.; PADULA, R. S. Gestão de organizações da sociedade civil. São Paulo: Tiki Books, 2019.

        Meet My Street
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Narrativa digital
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Narrativas orais
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Poema dos desejos
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Questionário
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Walking tours
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        ferramentas de cenários e modelos

        3D interativa
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Cenários
        Definição

        Cenários refere-se a uma abordagem para pensar e lidar de forma otimizada, estratégica e baseada em tendências com situações que podem ocorrer  no futuro. Essa metodologia possibilita que um grupo analise o comportamento e o desenvolvimento do ambiente ao longo do tempo, preparando-se antecipadamente para cenários com o potencial de tornarem-se realidade (Carvalho, 2009).

        Aplicação Geral

        Os passos para a aplicação deste método seriam, para Carvalho (2009, p. 4), a “definição dos objetivos; levantamento, análise e descrição do relacionamento das variáveis; preenchimento dos estados das variáveis e verificação de sua consistência; definição do tema principal de cada cenário baseado nas principais variações identificadas; e construção da narrativa de pelo menos dois cenários: um de referência e um contrastado”. Neste caso, as variáveis são os aspectos que podem gerar e afetar os cenários, enquanto o cenário de referência é aquele com maior probabilidade de acontecer e o contrastado, com menor probabilidade.

        Exemplo

        Pereira (2020) aplicou a metodologia para identificar potencialidades futuras na cidade de Seropédica, Rio de Janeiro, atualmente impactada pelo processo de urbanização e expansão metropolitana. A abordagem incluiu uma oficina participativa de construção de cenários prospectivos, promovendo o diálogo entre a academia, planejadores, gestores e a comunidade. A dinâmica envolveu a elaboração coletiva de mapas abordando aspectos ambientais, socioeconômicos e urbanos, resultando em cenários de desenvolvimento urbano e periurbano. A oficina, estruturada em temas específicos ao longo de três dias, proporcionou reflexões sobre o território e suas perspectivas diante de intervenções e projetos.

        Exemplos breves

        Newell, Picketts e Dale (2020) utilizaram a metodologia para realizar um planejamento comunitário visando otimizar o uso da terra e condições sustentáveis futuras. A pesquisa explorou diferentes cenários de densidade habitacional, oferecendo reflexões sobre as consequências desse desenvolvimento.

        Folhes et al. (2015) aplicaram a técnica em 2015, na área rural do município de Santarém, oeste do estado do Pará, para criar cenários possíveis em 2020 relativos às implicações das políticas de desmatamento na Amazônia.

        Celino e Concilio (2010) utilizaram Cenários para auxiliar no desenvolvimento de um plano socioeconômico de longo prazo de um parque regional situado no norte da Itália.

        Referências

        CARVALHO, D. E. Organizando variáveis de cenários com a aplicação da técnica de análise e estruturação de modelos (AEM). Future Studies Research Journal: Trends and Strategy, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 2-27, jan. 2009.

        CELINO, A.; CONCILIO, G. Participation in environmental spatial planning: structuring-scenario to manage knowledge in action. Futures, v. 42, n. 7, p. 733–742, 1 set. 2010. DOI: https://doi.org/10.1016/j.futures.2010.04.020

        FOLHES, R. T. et al. Multi-scale participatory scenario methods and territorial planning in the Brazilian Amazon. Futures, v. 73, p. 86–99, 1 out. 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.futures.2015.08.005

        NEWELL, R.; PICKETTS, I.; DALE, A. Community systems models and development scenarios for integrated planning: lessons learned from a participatory approach. Community Development, v. 51, n. 3, p. 261–282, 26 maio 2020. DOI: https://doi.org/10.1080/15575330.2020.1772334
        PEREIRA, D. A. Estratégias e processos participativos para o desenvolvimento local e regional na Baixada de Sepetiba, RJ. Cadernos Metrópole, v. 22, n. 47, p. 147–172, jan.-abr. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/2236-9996.2020-4707

        Desenho de representação de cenário
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Maquete/LEGO/Argila
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Modelos 3D
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Realidade virtual
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Procedimentos de análise

        Análise numérica
        Definição

        A análise de dados em uma pesquisa científica caracteriza-se pela categorização, ordenação, manipulação e sumarização de dados (Kelinger, 2003).  A análise numérica consiste na tradução de dados a partir do cálculo de médias, porcentagens, exame para verificar significância estatística, correlações, dentre outros (Teixeira, 2003). Assim, pode-se extrair o sentido dos dados para a tomada de decisões.

        Aplicação Geral

        A análise numérica pode ser usada para diversas áreas de pesquisa, sendo, por exemplo, comumente utilizada nas pesquisas em Engenharia. Pode também ser empregada no âmbito da classificação dos dados.

        Exemplo

        Santanna, Nascimento e Yoshikawa (2023) utilizaram a análise numérica a fim de classificar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), relacionando-os com os indicadores ‘déficit habitacional’ e ‘inadequação domiciliar’. Utilizaram de metodologias baseadas na atribuição de pontos por meio de recursos lógicos, a fim de minimizar ou eliminar a influência da subjetividade sobre a análise.

        Veja também

        Igel et al. (2020) utilizaram a análise numérica para avaliar o aumento da atividade física em duas calçadas de Leipzig (Alemanha), que receberam desenhos coloridos. Foram observadas 5.455 pessoas em interação com as calçadas. O design (cores, desenhos) teve uma influência no aumento da atividade física, brincadeiras e interações das crianças.

        Em Margles et al. (2010), tomadores de decisão conduziram uma série de comparações entre pares de fatores e atribuíram uma classificação numérica para representar cada decisão. Dessa forma, os participantes foram capazes de identificar e priorizar de forma quantificável os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças mais significativos associados a um plano de ação.

        Medeiros, Lunardi e Lunardi (2022) traduziram as análises numéricas em exposições visuais dos critérios e objetivos em estudo por meio da técnica Análise de Decisão Multicritérios (ADM) combinada com o Sistema de Informação Geográfica (SIG), a fim de criar um zoneamento ambiental para o Parque Nacional da Furna Feia, no Rio Grande do Norte, Brasil.

        Referências

        IGEL, U. et al. “Movement-enhancing footpaths” – A natural experiment on street design and physical activity in children in a deprived district of Leipzig, Germany. Preventive Medicine Reports, v. 20, p. 101197, 1 dez. 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pmedr.2020.101197

        KERLINGER, F. N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual. São Paulo: EPU, 2003. 

        MARGLES, S. W. et al. Participatory planning: using SWOT-AHP Analysis in buffer zone management planning. Journal of Sustainable Forestry, v. 29, n. 6–8, p. 613–637, 14 out. 2010. DOI: https://doi.org/10.1080/10549811003769483

        MEDEIROS, F. H. F.; LUNARDI, D. G.; LUNARDI, V. DE O. Integração de análise de decisão multicritério e SIG para auxílio à tomada de decisão em zoneamentos ambientais. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, v. 13, n. 1, p. 358–377, 2 jul. 2022. DOI: http://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2022.001.0027

        SANTANNA, G. M.; NASCIMENTO, A. P. B.; YOSHIKAWA, N. K. Análise numérica para classificação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável segundo relação com os indicadores “Déficit Habitacional” e “Inadequação Domiciliar”. Revista Científica ANAP Brasil, v. 16, n. 37, 9 mar. 2023. DOI: https://doi.org/10.17271/19843240163720233508
        TEIXEIRA, E. B. A análise de dados na pesquisa científica: importância e desafios em estudos organizacionais. Desenvolvimento em Questão, v. 1, n. 2, p. 177–201, 2003. DOI: https://doi.org/10.21527/2237-6453.2003.2.177-201

        Categorização de dados
        Definição

        A Categorização de Dados é uma ferramenta para evidenciar e interpretar a informação relevante que está contida em dados provenientes de contagens de eventos ou de unidades (pessoas, lugares, objetos), possuindo certas características ou atributos definidos pela combinação de categorias de interesse (Paulino; Singer, 2006).

        Aplicação Geral

        Após coletar os dados através dos instrumentos escolhidos, o pesquisador ou a equipe de pesquisadores se organiza para analisá-los. Bardin (1977) defendeu que para categorizar dados é necessário realizar a leitura completa do corpus de análise, que pode ser composto por transcrições de entrevistas, dados de questionários ou diários de observações. Em seguida, deve-se proceder com a identificação de partes consideradas significativas no texto, ressaltando-as e resumindo-as. Assim, essas palavras ou frases resumidas constituem as categorias iniciais de análise. Com as categorias definidas, é possível organizar os dados encontrados, comumente em formato de planilha.

        Exemplo

        Asha (2014) utilizou a Categorização de Dados para conduzir uma análise qualitativa das estratégias de planejamento e implementação de iniciativas de desenvolvimento local na província de Limpopo, África do Sul. Três municipalidades foram divididas em categorias de localização (duas rurais e uma urbana), e foram realizadas entrevistas com 53 moradores dessas municipalidades. Os entrevistados indicaram se discordavam, concordavam ou estavam indecisos em relação à eficácia no planejamento dos Planos de Desenvolvimento Individual (IDPs) das municipalidades. Como resultado, a pesquisa concluiu que a maioria dos residentes, em ambas as categorias de localidade (rural e urbana), concorda que os IDPs precisam de melhorias.

        Veja também

        Paulino e Singer (2006) citaram a aplicação da técnica em uma investigação sobre problemas de peso de recém-nascidos. Mais de 8000 fichas de nascimento foram classificadas segundo três critérios: classe social, hábito de fumar da parturiente e peso do recém-nascido.

        Herouala et al. (2023) utilizaram a técnica para propor um novo mecanismo de armazenamento em redes de dados. A estratégia permitiu capturar tendências de tráfego de informação e melhorar decisões de armazenamento em cache.

        Gunderson et al. (2010), a partir de dados de pacientes com câncer retal, fizeram uso da Categorização de Dados para revisar a incidência dos tipos de tumores retais e seus respectivos níveis de gravidade.

        Referências

        ASHA, A. A. Towards effective planning and implementation of the local development initiatives in Limpopo Province, South Africa. Mediterranean Journal of Social Sciences, v. 5, n. 20, p. 398, 5 set. 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.5901/mjss.2014.v5n20p398

        BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 

        GUNDERSON, L. L. et al. Revised tumor and node categorization for rectal cancer based on surveillance, epidemiology, and end results and rectal pooled analysis outcomes. Journal of Clinical Oncology, v. 28, n. 2, p. 256–263, 10 jan. 2010. DOI: https://doi.org/10.1200/JCO.2009.23.9194

        HEROUALA, A. T. et al. CaDaCa: a new caching strategy in NDN using data categorization. Multimedia Systems, v. 29, n. 5, p. 2935–2950, 1 out. 2023. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s00530-022-00904-y 

        PAULINO, C. D.; SINGER, J. M. Análise de dados categorizados. São Paulo: Blucher, 2006.

        SWOT
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Tabulação de dados
        Definição

        Aplicação Geral

        Exemplo aprofundado

        Exemplos breves

        Referências

        Procedimentos de sistemas comunitários

        Brainstorming
        Definição

        Brainstorming (tempestade cerebral) consiste numa técnica baseada na coleta de ideias de todos os integrantes de um grupo, sem críticas ou julgamentos, na intenção de encontrar o maior número de soluções possíveis para um determinado problema (Abreu, 1991). O método foi criado em 1953, por Alex Osborn, sendo bastante utilizado na fase de planejamento de um projeto ou concepção de novos produtos (Osborn, 1987).

        Aplicação Geral

        Para aplicação do método Brainstorming, é preciso primeiramente selecionar os integrantes que farão parte do grupo de discussão, sendo estes, se possível, de áreas e competências distintas (Osborn, 1987). A sessão de Brainstorming tem início quando o coordenador (líder do grupo) explica o seu papel na moderação do processo, o objetivo a ser atingido e recomendações a serem seguidas (Abreu, 1991). O processo segue assim para a ‘fase criativa’, na qual os participantes da sessão devem elaborar, de maneira espontânea, o maior número de soluções possíveis. A combinação e o aperfeiçoamento das sugestões devem ser encorajadas. Em seguida, tem início a ‘fase crítica’, momento em que cada um dos participantes, individualmente, justifica suas ideias na intenção de convencer os demais. Por fim, é realizada a ‘fase de filtração’ de ideias, visando a seleção daquelas que foram melhor fundamentadas e de maior aprovação pelo grupo (Osborn, 1987).

        Exemplo

        A pesquisa de Ciaccia e Sznelwaro (2016) teve como objetivo apresentar um método de avaliação do conforto e desconforto de poltronas e cabines de aeronaves durante o estágio de concepção e desenvolvimento. Primeiramente, cada um dos três participantes do estudo avaliou as condições para ler e repousar dentro da cabine de aeronave através da experiência em um simulador, sendo suas percepções relatadas posteriormente em uma entrevista. Na segunda etapa, foi realizada uma sessão de Brainstorming na qual os participantes deveriam trazer ideias que pudessem melhorar a experiência das atividades analisadas na etapa anterior; sendo todos os comentários agrupados por temas em uma planilha. Na última etapa, uma solução sugerida no Brainstorming, um apoio de braço escamoteável, foi prototipada e avaliada no simulador. O uso da técnica possibilitou uma maior compreensão sobre os fatores que implicam na percepção de desconforto e conforto em longo prazo.

        Veja também

        Em Costa Filho, Coelho Júnior e Costa (2006), as sessões de Brainstorming foram realizadas visando propor soluções de melhoria no processo de remanufatura de uma indústria de cartuchos de toner.

        Em Nóbrega, Lopes Neto e Santos (1997), a técnica foi empregada visando o conhecimento de situações/problemas relacionados à administração dos serviços de enfermagem em uma unidade básica de saúde de João Pessoa (PB).

        No estudo de Costa et al. (2021), as sessões de Brainstorming foram realizadas com vistas a levantar os aspectos menos funcionais de uma tecnologia gamificada focada na qualidade de vida de crianças em tratamento hemodialítico.

        Referências

        ABREU, R. C. L. CCQ. Círculos de Controle da Qualidade: a integração trabalho-homem-qualidade total. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1991. 

        CIACCIA, F. R. D. A. S.; SZNELWAR, L. I. Conforto e desconforto em cabines de aeronaves: um método baseado na análise da atividade. Production, v. 26, n. 4, p. 771–781, 8 mar. 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-6513.027011

        COSTA, F. N. A. et al. Teste alfa de uma tecnologia gamificada para crianças e adolescentes em hemodiálise. Escola Anna Nery, v. 25, n. 5, p. e20200514, 13 set. 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0514 

        COSTA FILHO, C. F. F.; COELHO JÚNIOR, L. C. B.; COSTA, M. G. F. Indústria de cartucho de toner sob a ótica da remanufatura: estudo de caso de um processo de melhoria. Production, v. 16, n. 1, p. 100–110, abr. 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-65132006000100009

        NÓBREGA, M. M.; LOPES NETO, D.; SANTOS, S. R. Uso da técnica de brainstorming para tomada de decisões na equipe de enfermagem de saúde pública. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 50, n. 2, p. 247–256, jun. 1997. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-71671997000200009
        OSBORN, A. F. O poder criador da mente: princípios e processos do pensamento criador e do “Brainstorming”. São Paulo: Ibrasa, 1987.

        Grupo focal
        Definição

        Kitzinger (1995) define Grupo Focal como uma forma de dinâmica em grupo que capitaliza a comunicação entre os participantes da pesquisa para gerar dados. Os grupos focais usam explicitamente a interação em grupo como parte do método. Isso significa que, em vez de o pesquisador pedir a cada pessoa que responda a uma pergunta por vez, as pessoas são encorajadas a conversar entre si: fazendo perguntas, trocando anedotas e comentando as experiências e pontos de vista uns dos outros.

        Aplicação Geral

        O instrumento é particularmente útil para explorar o conhecimento e as experiências das pessoas, podendo ser usado para examinar não apenas o que as pessoas pensam, mas como pensam e por que pensam dessa maneira. Os grupos focais podem variar em número de participantes, dependendo dos objetivos do projeto e dos recursos disponíveis. A homogeneidade dentro de cada grupo é recomendada para capitalizar as experiências compartilhadas, mas grupos diversificados também podem fornecer perspectivas valiosas. As sessões devem ser descontraídas, com um ambiente confortável e atividades facilitadoras. Durante as discussões, o facilitador deve incentivar o diálogo entre os participantes, adotando inicialmente uma postura de observador e intervindo mais ativamente conforme necessário. A análise posterior ao encontro envolve comparar temas discutidos e examinar como se relacionam (Kitzinger, 1995).

        Exemplo

        Westphal, Bógus e Faria (1996) discorreram sobre cinco experiências em que utilizaram a ferramenta dos grupos focais. Um desses estudos, realizado com moradores de Cotia e Vargem Grande Paulista, forneceu resultados sobre o trabalho de participação popular em saúde desenvolvido na região. Os autores citam que as pesquisas passaram por um processo de planejamento que envolveu as seguintes fases: “definição do problema, dos objetivos e do esquema conceitual que serviria de base para análise; determinação dos critérios para seleção da amostra, que se caracterizou como intencional, de acordo com o que geralmente ocorre nos grupos focais; elaboração e teste de um roteiro de questões que o grupo deveria responder; e, finalmente, recrutamento dos participantes para local e horário previamente combinados. Os dados obtidos nas sessões grupais, os diálogos gravados e transcritos, foram sistematizados a partir da técnica de análise de conteúdos descrita por Bardin e analisados conforme sugere a literatura específica” (p. 474).

        Veja também

        Picó, Galán-Cubillo e Sáez-Soro (2021) utilizaram esta técnica para demonstrar a eficiência de modelos de cocriação científica e artística de videojogos, visando a geração de novas narrativas sobre a mudança climática.

        Sánchez, Jiménez e Yepes (2022) realizaram grupos focais para analisar a implementação de uma intervenção educacional alimentar em crianças estudantes em Medellín, Colômbia, antes e durante o confinamento devido à COVID-19.

        Casas, Ortíz e Marquez-Linares (2023) utilizaram este instrumento para conhecer o estado dos recursos naturais e dos sistemas produtivos da Bacia da Laguna Santiaguillo, México, desde o ponto de vista dos habitantes.

          Referências

          CASAS, M. S. M; ORTÍZ, E. S.; MARQUEZ-LINARES, M. Perception of inhabitants from the Laguna Santiaguillo Basin: natural resources and liveli-hoods. Agro Productividad, v. 16, n. 3, p. 129-136, 12 maio 2023. DOI: http://dx.doi.org/10.32854/agrop.v16i3.2433

          KITZINGER, J. Qualitative research: introducing focus groups. BMJ, v. 311, n. 7000, p. 299–302, 29 jul. 1995. DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.311.7000.299

          PICÓ, M. J.; GALÁN-CUBILLO, E.; SÁEZ-SORO, E. Videojuegos y cambio climático: diseño de una experiencia de cocreación entre arte y ciencia. Fonseca, Journal of Communication, n. 23, p. 173–196, 30 nov. 2021. DOI: https://doi.org/10.14201/fjc202123173196

          SÁNCHEZ, P. A. G.; JIMÉNEZ, K.; YEPES, T. A. Ejecución de una intervención educativa alimentaria en escolares, antes y durante el confinamiento por COVID-19. Perspectivas en Nutrición Humana, v. 24, n. 1, p. 85–99, 13 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.17533/udea.penh.v24n1a06
          WESTPHAL, M. F.; BÓGUS, C. M.; FARIA, M. Grupos focais: experiências precursoras em programas educativos em saúde no Brasil. Boletin de la Oficina Sanitaria Panamericana, v. 120, n. 6, p. 472–482, 1996.

          Método de conferência de busca
          Definição

          Aplicação Geral

          Exemplo aprofundado

          Exemplos breves

          Referências

          Mobilização de recursos
          Definição

          Aplicação Geral

          Exemplo aprofundado

          Exemplos breves

          Referências

          Rodas de conversa
          Definição

          Aplicação Geral

          Exemplo aprofundado

          Exemplos breves

          Referências

          Procedimentos de tomada de decisão

          Análise de decisão multicritérios
          Definição

          Conforme apresenta Soethe (1997), a Análise de Decisão Multicritérios (ADM) é um método que auxilia na tomada de decisões complexas, considerando múltiplos critérios. A ferramenta lida com problemas de decisão que envolvem a avaliação de várias alternativas em relação a diversos critérios, com o objetivo de escolher a melhor ação, delimitar um subconjunto de boas ações ou ordenar as ações de acordo com preferências gerais. 

          Aplicação Geral

          Thokala et al. (2016) esquematizaram uma série de passos para realizar a ADM. A análise começa com a definição clara do problema de decisão (1), identificando objetivos, alternativas e resultados desejados. Em seguida, selecionam-se os critérios relevantes para avaliar as alternativas (2). Mede-se o desempenho das alternativas com base nesses critérios, criando uma matriz de desempenho (3). Posteriormente, atribuem-se pontuações às alternativas e ponderam-se os critérios (4 e 5). Calculam-se as pontuações agregadas para classificar as alternativas (6). Lida-se com a incerteza por meio de análises de incerteza (7). Por fim, os resultados da análise são interpretados e comunicados (8).

          Exemplo

          Medeiros, Lunardi e Lunardi (2022) aplicaram a técnica combinada com o Sistema de Informação Geográfica (SIG) para criar um zoneamento ambiental para o Parque Nacional da Furna Feia, no Rio Grande do Norte, Brasil. O estudo passou por quatro etapas, incluindo o estabelecimento de objetivos, a definição de critérios, a análise multicritério e a criação de zonas. A normalização e ponderação dos critérios foram feitas com a aplicação de funções de pertinência fuzzy (lógica que permite lidar com incertezas de maneira mais flexível) e o uso da metodologia Analytical Hierarchy Process (AHP) para avaliar a importância relativa dos critérios. Segundo os autores, a integração das ferramentas de ADM e SIG facilitou o processo de tomada de decisão, permitindo elaborar um zoneamento estritamente voltado ao alcance dos objetivos ambientais iniciais.

          Veja também

          Zambon et al. (2005) utilizaram a abordagem em conjunto com o Sistema de Informação Geográfica (SIG) a fim de avaliar alternativas adequadas para a localização de usinas termoelétricas no estado de São Paulo, considerando critérios econômicos e ambientais.

          Tortorella e Fogliatto (2008) fizeram uso da ferramenta para selecionar a melhor configuração de layout de uma fábrica automotiva, considerando sete critérios de avaliação e visando aprimorar a eficiência e flexibilidade do espaço físico fabril.

          Yang et al. (2012) utilizaram a técnica para avaliar e priorizar opções de gerenciamento de bacias hidrográficas em relação a mudanças climáticas e impactos da urbanização, realizando um estudo de caso na região central da Coreia do Sul.

          Referências

          MEDEIROS, F. H. F.; LUNARDI, D. G.; LUNARDI, V. DE O. Integração de análise de decisão multicritério e SIG para auxílio à tomada de decisão em zoneamentos ambientais. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, v. 13, n. 1, p. 358–377, 2 jul. 2022. DOI: http://doi.org/10.6008/CBPC2179-6858.2022.001.0027

          SOETHE, V. A. Aplicação da metodologia multicritério de apoio à decisão, na seleção de gerentes gerais, pela Caixa Econômica Federal, nas agências da região norte do Estado de Santa Catarina. 1997. 149 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1997.

          THOKALA, P. et al. Multiple Criteria Decision Analysis for health care decision making—An introduction: Report 1 of the ISPOR MCDA Emerging Good Practices Task Force. Value in Health, v. 19, n. 1, p. 1–13, 1 jan. 2016. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jval.2015.12.003

          TORTORELLA, G. L.; FOGLIATTO, F. S. Planejamento sistemático de layout com apoio de análise de decisão multicritério. Production, v. 18, n. 3, p. 609–624, dez. 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-65132008000300015

          YANG, J.-S. et al. Prioritization of water management under climate change and urbanization using multi-criteria decision making methods. Hydrology and Earth System Sciences, v. 16, n. 3, p. 801–814, 12 mar. 2012. DOI: http://dx.doi.org/10.5194/hess-16-801-2012.

          ZAMBON, K. L. et al. Análise de decisão multicritério na localização de usinas termoelétricas utilizando SIG. Pesquisa Operacional, v. 25, n. 2, p. 183–199, ago. 2005. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s0101-74382005000200002

          Pesquisa de mercado
          Definição

          Aplicação Geral

          Exemplo aprofundado

          Exemplos breves

          Referências

          Votação
          Definição

          Aplicação Geral

          Exemplo aprofundado

          Exemplos breves

          Referências

          o método em prática

          Quer conhecer o projeto-piloto que aplicou o método Particip[ATIVA]?